
Roberto Frizzo: O futebol depende de resultado. Quando temos o resultado, ninguém lembra de quem é que está lá. Ninguém vai fazer política em cima. Quando tem resultado ruim, claro que vão falar mal.
iG: Mas o Palmeiras já teve momentos bons este ano e os ataques eram persistentes.
Roberto Frizzo: No clube, sempre teve isso. Nas outras gestões, também os que estavam no futebol devem ter sofrido com isso. Primeiro porque gasta, depois porque não gasta. É coisa básica. Sempre tem pressão e aperto em cima do futebol.
iG: O senhor é a favor de um gerente de futebol profissional?
Roberto Frizzo: Para quê? Já tem dois lá.
iG: Não, mas digo em relação a nomes cogitados como Brunoro, Rodrigo Caetano...
Roberto Frizzo: Não tem ninguém milagroso. Não adianta chegar o nome X, Y e Z e achar que vai ter uma atuação diferente. Não tem nada que um gerente vai fazer que a gente já não esteja fazendo. Temos um CT de primeiro mundo, uma ótima academia de musculação, comissão técnica comandada por um treinador de ótima qualidade, fisiologista de renome, médicos excelentes, preparadores físicos excelentes. Damos o top de material esportivo, salário em dia, direito de imagem em dia. O que você acha que alguém pode fazer além disso? Entrar em campo eu não vou entrar. Escalar o time eu não também não vou escalar.
iG: Mas por que dá errado então?
Roberto Frizzo: Tem grupo que casa e grupo que não casa. Pegamos o time frágil economicamente. Não pudemos contratar nomes de expressão e fomos buscar promessas. Tem jogador que vai bem rápido e outro demora mais. Veja o Raí no São Paulo que demorou um ano para ir bem. Contratamos promessas indicadas pelo treinador e algumas foram bem. O Cicinho, por exemplo, está muito bem.
iG: Em 2012, o Palmeiras deve ter mais dinheiro para contratar e já fala em nomes mais famosos. E em relação à saída dos atuais? Já dá para falar que vai ter uma reciclagem do elenco?
Roberto Frizzo: Não tem muito o que sair. Tem contrato que vamos respeitar. Para rescindir, tem que pagar até o fim, então não temos o que preocupar. O negócio é compor o grupo, trazer pelo menos três nomes de peso.
iG: Na semana passada, os torcedores protestaram pelas Diretas (relembre). Qual a sua opinião sobre o tema?
Roberto Frizzo: Acho que é um assunto que precisa ser debatido internamente, para entendermos o processo. Me preocupo em mostrar que isso não vai ser o Messias, que vai salvar tudo. O Brasil lutou pelas diretas e elegeu o Collor, que não deu certo.
iG: O senhor não acha que há um vício do poder no Palmeiras? Sempre os mesmos grupos estão no poder.
Roberto Frizzo: Para ser candidato à presidência, o pretendente vai cumprir vários requisitos. Por isso não adianta achar que qualquer um vai ser candidato. Só isso vai restringir um pouco. Não adianta um cara cair lá de paraquedas. Além disso, o candidato vai precisar ter 10% de votantes no Conselho, então vai ter que passar pela gente mesmo assim. Além disso, o clube não tem só sócio palmeirense. Tem gente que nem sabe o que é o futebol.
iG: Para finalizar. Com toda a pressão que o senhor sofre dentro e fora do clube, com os pedidos de mudança constantes e com esse ano ruim. Já pensou em desistir?
Roberto Frizzo: Claro que não. Quando eu assumi o desafio, eu sabia das dificuldades. A minha consciência está tranquila que criamos e mantivemos uma excelente estrutura lá do CT para os jogadores. Eu sinto que faço o meu papel. Não adianta administrar um clube como uma empresa. Jogador recebe um salário que vários CEOs de empresa não recebem e só têm 20 anos. O CEO fala mais de quatro línguas, fez MBA e faculdade de um monte de coisa e não ganha isso. O elenco é diferente, tem relação com um show business, com um teatro, onde o sentimento é muito importante. Tem que comparar com um artista, que varia muito no sentimento e a confiança é muito importante.
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